Nos últimos tempos, tenho me dedicado cada vez mais ao estudo das melhores práticas de governança corporativa, uma forma de contribuir mais com o tema na Brasil TecPar, e também de fortalecer a cultura, pois temos um grande compromisso de guiar a companhia rumo a um futuro perene e responsável.
Este artigo busca compartilhar este entendimento e aplicação destes conceitos de forma prática no dia a dia. Governança, não precisa ser um tema excessivamente técnico, complexo ou distante,
Espero que esta leitura possa ajudá-lo a simplificar isso também na sua cabeça, como tem sido pra mim.
Governança, no fundo é, sobre garantir que as decisões certas sejam tomadas, da maneira certa, por pessoas certas, para o benefício de todos os envolvidos — acionistas, colaboradores, clientes e a sociedade.
Então, como aplicar as melhores práticas de governança corporativa no dia a dia da a empresa?
Transparência — Uma janela para todos
Imagine que a empresa é uma casa com grandes janelas. A transparência é o que permite que todos vejam o que está acontecendo lá dentro. Não há segredos. Isso não só constrói confiança com acionistas e clientes, mas também facilita a comunicação interna. Por exemplo, manter uma política clara sobre como decisões importantes são tomadas ou como recursos estão sendo alocados cria um ambiente de confiança e colaboração.
Ter relatórios financeiros claros, acessíveis e auditados de forma independente tornou-se obrigatório. Mas a transparência vai além das finanças. Ela também está presente quando comunicamos abertamente os desafios que a empresa está enfrentando, vejo que fizemos isso muito bem também quando a empresa enfrentou a crise das cheias no RS e durante a pandemia. Não é fácil admitir quando precisamos ajustar os rumos, mas essa transparência tem fortalecido a imagem da companhia no longo prazo.
Responsabilidade — Senso de “comprometimento”
Sabe quando você assume um compromisso, e todo mundo espera que você entregue? Responsabilidade significa que cada pessoa ou área na empresa tem clareza sobre suas obrigações e que essas obrigações são cumpridas. Desde os líderes até os níveis operacionais, é essencial que todos saibam qual é o seu papel no grande quebra-cabeça da companhia.
Aprendi também a diferença entre "responsability" e "accountability": Na tradução literal do dicionário para o português, ambas as palavras definem-se "responsabilidade", mas a diferença entre elas na sua origem é que "accountability" traz uma idéia de proativatividade, compromisso, transparência e prestação da contas daquilo que é sua responsabilidade e/ou atribuição fazer e/ou entregar.
Por isso, é fundamental a liderança validar se existem os recursos necessários para que o time possa atingir os resultados esperados, e aqui a palavra "necessários" é não muito mais, e não muito menos.
Da mesma forma, se um projeto der errado ou não estiver saindo como o planejado, é importante que haja uma cultura de aprendizado, e não de “caça às bruxas”. Isso encoraja as pessoas a serem responsáveis e também a inovar, sem o medo constante de punições.
Tenho visto que, todos nós acabamos aprendendo mais, e trazendo resultados ainda melhores e maiores, de algo que não foi tão bem no passado, quando temos a chance de fazer "as lições aprendidas" e ir novamente ao desafio. Tem uma citação que gosto muito "a vida sempre dá chances pra quem é responsável" - como diz Antonio Meneghetti em várias de suas obras.
Prestação de Contas — Um pacto de confiança
Aqui, a prestação de contas não é apenas uma formalidade, é uma prática de governança que garante que a empresa está sendo gerida de forma ética e eficiente. Pense em um conselho de administração como uma espécie de “auditor da confiança”, cuidando para que os gestores tomem decisões que realmente beneficiem a empresa e seus stakeholders.
Na prática, isso pode significar reuniões periódicas para analisar resultados e definir novos rumos, se necessário. Um exemplo? Digamos que a empresa tenha feito um grande investimento em tecnologia. A prestação de contas envolve não só acompanhar os resultados financeiros desse investimento, mas também entender como ele impactou a eficiência operacional e a satisfação dos clientes, melhoria nos processos de trabalho e como isso irá contribuir para o futuro da companhia.
Equidade — Tratar todos de forma justa
A palavra “equidade” pode parecer complexa, mas é bem simples: É sobre garantir que todos sejam tratados de maneira justa e tenham as mesmas oportunidades dentro da empresa, independentemente de posição, idade, gênero ou qualquer outro fator. Isso vale tanto para os colaboradores quanto para os acionistas e clientes e demais partes interessadas.
Na prática, isso pode se refletir em programas internos que promovam a diversidade e inclusão, mas mais do que isso, precisa estar no "mindset" diário da turma.
Responsabilidade Social — Muito além dos números
No mundo corporativo moderno, governança não se trata apenas de aumentar os lucros. Praticar uma boa governança também considera o impacto das decisões nas sociedades em que participam e no meio ambiente. Aqui entra a responsabilidade social, que pode ser vista em iniciativas como o uso de recursos renováveis, práticas sustentáveis, ou em projetos que apoiam a comunidade local, este é um tema que trazemos de longe esta preocupação, e vejo que temos estruturado cada vez mais através do comitê de ESG.
As empresas que incorporam essa prática à sua governança costumam ter mais sucesso a longo prazo, porque estão criando valor não só para os acionistas, mas para todos os envolvidos no ecossistema em que atuam.
Governança no dia a dia: A Simplicidade que faz a diferença
O interessante das melhores práticas de governança corporativa, é precisamos entender que elas não são regras complicadas ou desconectadas da realidade. Elas são, na verdade, ferramentas para que a empresa funcione melhor, tome decisões mais estratégicas e construa um ambiente onde todos se sintam valorizados. Devemos pensar nelas como os trilhos que mantêm o trem no caminho certo — uma vez instalados, a tendência é que tudo (ou boa parte) avance de forma mais suave e segura.
Então, se você está começando ou buscando aprimorar os conhecimentos sobre governança corporativa, espero que este artigo tenha contribuído, lembrando que vivemos isso no dia-a-dia, e a governança não é apenas boa para os negócios, no fundo, é boa para o desenvolvimento das pessoas e o ecossistema em que vivemos!
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